Entenda a diferença entre os termos cristofobia, perseguição, intolerância e vilipêndio religioso
Na República Centro-Africana, muitos cristãos são perseguidos pela fé por grupos islâmicos radicais
O termo cristofobia trata da aversão a Cristo e
ao cristianismo. Quanto a perseguição, não há uma definição universal,
afinal cortes, legisladores e estudiosos abordam o conceito sob
diferentes perspectivas. A Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto
dos Refugiados, adotada em 1951, também não define a perseguição.
No entanto, a Lista Mundial da Perseguição, relatório anual que respalda o trabalho da Portas Abertas,
define perseguição religiosa como qualquer hostilidade experimentada
como resultado da identificação de uma pessoa com Cristo. Isso pode
incluir atitudes hostis, palavras e ações contra cristãos.
A perseguição religiosa ocorre de várias formas. Quando não há
direitos de liberdade religiosa garantidos ou quando a conversão ao
cristianismo é proibida por ameaças do governo ou grupos extremistas.
Além disso, também pode se dar quando cristãos são forçados a deixar
suas casas ou empregos por medo da violência que pode alcançá-los. Pode
ocorrer ainda ao serem agredidos fisicamente, mortos por causa da fé,
presos, interrogados e, por diversas vezes, torturados por se recusarem a
negar a Jesus.
A cada ano, a perseguição aos cristãos se intensifica no mundo todo.
Atualmente, mais de 260 milhões de pessoas no mundo enfrentam algum tipo
de oposição como resultado de sua identificação com Jesus Cristo. Isso
faz com que o número de cristãos com medo de ir à igreja ou que já não
têm uma igreja aonde ir aumente, bem como daqueles que têm de escolher
entre permanecer fiel a Deus ou manter os filhos seguros.
Existe cristofobia no Brasil?
Muitos cristãos sírios deixaram o país devido à perseguição religiosa expressada em meio à guerra
De acordo com a rede de notícias BBC, no Brasil, a chamada
cristofobia também tem sido usada para se referir a episódios de
preconceito e discriminação contra evangélicos, embora não exista no
país um sistema estruturado de perseguição violenta contra esse setor
religioso.
Segundo o Irmão André,
fundador da Portas Abertas, "perseguição não se refere a casos
individuais, mas a quando um sistema político ou religioso tira a
liberdade dos cristãos ou seu acesso à Bíblia, restringe ou proíbe o
evangelismo de jovens e crianças, atividades da igreja e de missões".
Para ele, não é legítimo usar o termo perseguição para descrever uma
tragédia individual que ocorre em uma sociedade que concede liberdade
religiosa. É um termo que deve ser reservado para comunidades inteiras
que enfrentam campanhas organizadas de repressão e discriminação, como
em muitos países do Oriente Médio.
"Há casos isolados de preconceito, mas, no nosso contexto, não
consideramos que exista no Brasil uma perseguição estruturada e
sistemática contra cristãos, como em outros países. Nós podemos
expressar nossa fé livremente, ninguém é expulso de algum local por ser
cristão, nenhuma pessoa morre ou é presa no Brasil por ser cristã",
explica Marco Cruz, secretário-geral da Missão Portas Abertas. Segundo
essa declaração, não consideramos o Brasil como campo para o ministério
específico da Portas Abertas, que é de apoio à Igreja Perseguida.
Quais países sofrem com a cristofobia?
A Portas Abertas investiga a situação da Igreja Perseguida desde os
anos 1970, porém, há mais de 25 anos publica a Lista Mundial da
Perseguição, uma das principais ferramentas para monitorar e medir a
dimensão da perseguição aos cristãos no mundo. Para caracterizar o nível de perseguição,
é realizado nos países um questionário que cobre cinco esferas da vida
(vida privada, família, comunidade, nação e igreja) e violência, com
resultados entre 0 e 100.
Os países que pontuam entre 81-100 são considerados com perseguição
extrema, entre 61-80 com perseguição severa, entre 41-60 com perseguição
alta, e entre 0-40 com perseguição variável. A Lista Mundial da
Perseguição resume-se apenas aos primeiros 50 colocados. Os países com
perseguição variável não entram na classificação, no entanto, aqueles
com pontuação acima de 41, entram para a lista de países em observação.
Entre os 10 primeiros colocados, estão a Coreia do Norte, que ocupa o 1º lugar desde 2002; países islâmicos, como Afeganistão, Somália, Líbia, Paquistão e Eritreia; e a Índia.
No Top 50, a Ásia sai na frente como o continente com mais países na
Lista Mundial da Perseguição, um total de 30. A África fica em segundo
lugar, com 19, e a América Latina em terceiro, apenas com a Colômbia.
O que é vilipêndio religioso?
No Vietnã, além dos familiares e comunidade, o governo também é uma fonte de perseguição por causa da fé em Jesus
Ainda dentro do contexto de cristofobia, existe o vilipêndio
religioso. Vilipêndio é o ato de tornar algo ou alguém vil, rebaixado,
indigno. O vilipêndio religioso é crime e consiste no fato de escarnecer
de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa;
impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso;
vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso.
No Brasil, a pena definida para esse ato é detenção, no período de um
mês a um ano, ou multa. Caso haja emprego de violência, a pena é
aumentada em um terço. O vilipêndio religioso se difere da intolerância religiosa,
já que a última é resultado de um longo processo histórico, em que uma
pessoa enfrenta perseguição, ofensa e agressão por expor a fé em
qualquer região do mundo.
Fonte: https://www.portasabertas.org.br